Resistir
a um desabamento em uma mina de cobre e ser resgatado a 700 metros de
profundidade, passados três meses, parece pouco crível. No Chile, graças
à tecnologia, esse é um milagre possível. Quando novembro chegar, 33
mineiros devem voltar à superfície, retirados de um pequeno refúgio,
onde ficaram isolados desde o desmoronamento na mina San José em
Copiapó.
Será a realização de um sonho que parecia irreal em 5 de
agosto, dia do incidente. Após duas semanas, já falava-se em tragédia e
poucos apostavam em sobreviventes. Tudo mudou quando um papel amassado
trazia, em tinta vermelha, 17 dias depois, as palavras de alívio:
"Estamos bem no refúgio, os 33".
O recado enviado por um túnel de
oito centímetros já existente disparou uma operação tecnológica em três
frentes. Batizados de Planos "A", "B" e "C", três máquinas diferentes
perfuram dutos com cerca de 70 centímetros de diâmetro que acessarão os
operários. Por ali, um a um, os mineiros serão retirados com o auxílio
de uma cápsula de resgate.
Confira a reportagem na íntegra na Edição 23 Outubro/Novembro da Revista Emergência
Equipe finaliza detalhes da operação de resgate de mineiros
Fonte: R7
Chile - A
equipe de resgate responsável pela retirada dos 33 mineiros presos na
mina de San José, no norte do Chile, finaliza os últimos detalhes da
operação, aguardada para os próximos dias. Os trabalhadores estão
soterrados a 700 m de profundidade desde o dia 5 de agosto - o que já
representa um recorde -, exigindo cuidados redobrados por parte dos
profissionais envolvidos no salvamento.
O líder da
equipe de resgate, Ovidio Rodríguez Nuñez, afirmou nesta quarta-feira,
6, que seus homens estão preparados para a missão, considerada por ele
como uma das mais difíceis de suas carreiras. Além do conhecimento
técnico, que inclui decisões sobre como será feita a descida até o local
onde os trabalhadores estão e o modo como eles serão retirados, Nuñez
destacou a necessidade de preparo físico e mental.
A equipe de
resgate será formada por dez especialistas em resgates da Codelco,
empresa estatal responsável pela mina. Outros dois são da região de
Atacama, onde a mina está localizada, e três são paramédicos da Marinha
chilena. Segundo o engenheiro Rene Aguilar, "toda a equipe tem
habilidades físicas e mentais para uma tarefa como essa, tanto quem
trabalha sobre o solo quanto quem atua dentro da mina".
A
experiência do grupo será um diferencial, levando-se em conta o fato de
que a operação, segundo previsões, terá turnos de 12 horas. De acordo
com o planejamento inicial, quatro especialistas ficarão na superfície,
enquanto os outros descerão em duplas.
Uma cápsula, parecida com
uma cela e apelidada de "Fênix", será testada ainda esta semana. Caso
seja aprovada, servirá para resgatar, um a um, os mineiros. Um teste
prévio, realizado em condições semelhantes às encontradas onde os
trabalhadores estão confinados, foi considerado um sucesso.
Guindastes
capazes de erguer até 400 ton já estão no local do resgate, aguardando o
início da operação. Ainda falta concluir algumas medidas preventivas no
buraco aberto pelas equipes de perfuração, como envolvê-los com aço,
assegurando a segurança dos especialistas e dos resgatados.
Outros planos
Mais
dois planos de resgate estão em andamento para a hipótese de que a
operação prestes a começar enfrente problemas. A perfuração a 519 m do
local dos trabalhadores soterrados, chamado de Plano B, alcançou 53 m em
dez horas.
Foi neste mesmo local que os equipamentos de
perfuração tiveram problemas no mês passado, depois de a broca ter
colidido com uma viga dentro da mina. Após ser descartado, este plano
foi retomado.
Já o Plano C conta com uma perfuradora usada em
plataformas de petróleo, e já atingiu 314 m de profundidade. A
expectativa é de que um desses dois planos também alcance os mineiros
presos nos próximos dias, oferecendo novas opções de resgate.